quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mentes Estranhas

Quem suja as mãos com o seu próprio sangue?
Ninguém é capaz de pensar em metafísica?
Para quê viver se nem questionamos?
Quem é capaz de se sacrificar?

Duvidas! Para que servem?
Dão para mundos infinitos,
Que entram em colisão
Com o nosso próprio “Mundo”.

Debato-me neste infinito fim,
No canto de uma rua sem paredes,
Mergulhado na escuridão com uma luz a iluminar-me
Para sofrer a perda do que a acabei de ganhar.
Pensando bem, ganhei mais que perdi.

(Mesmo assim, ainda estou em duvida.
Estou com a dúvida se duvidar leva-me a algum lado.)

Duvidei, duvido, vou duvidar, duvidarei e nunca deixarei de duvidar,
Na dúvida em que me encontro hoje preso.
Se tudo é tão retórico e simples. Para que duvidar?
Quem seria capaz de sujar as suas mãos com o seu próprio sangue?
Não! Todos eles limpos.
Todos eles a brilhar.
Todos eles com fama de serem o que nunca foram, mas o que sempre desejaram.
Tomam banho todos os dias.
Encobrem a sujidade que sempre esteve lá, mas por alguma razão passou despercebida.
Como pode isto ser tão certo que não deixa espaço de dúvida?
E eu como poderei eu viver e ser eu próprio sem me sujar?

(Até onde parecia não haver duvidas o simples ego humano faz o obsequio de a criar. )

Duvida!


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O vento contou-me!

Não sou, nunca fui, nunca serei
O que desejei ser.

(Eu sou como as folhas que se partem em mil pedaços,
No chão da calçada, onde são pisadas vezes sem conta.
Eu sou o mais simples floco de neve,
Que se agarra ao chão, derrete e torna-se novamente água.)

Escrevo esta carta em memória dos dias, dos anos, dos meses,
Que passei a ler contos inesqueciveis, sobre principes e fadas.
Quando passava horas a escutar a Simphonia da amizade no seu resplanescer,
E a sua melodia de sétimas e com consoantes em vez de vogais.
Ouvi dizer que o escritor é algo que nunca foi, algo que nunca imaginou ser,
Que um escritor escreve tudo o que imagina e torna real o seus desejos.
Eu que já sonhei ser eu, não consigo tornar real o simples desejo de ser eu.
Posso não ser escritor.
Posso não ser poeta.
Posso não ter sentimentos.
Mas ser algo que fui e que sonhei ser, é como escrever sem linhas.
Construir o mais belo olhar sobre a mais podre pele.
Esboçar o sorriso numa folha rota.

O vento ontem disse-me que nunca foi o que quis
O seu sonho era poder andar, o seu real sonho era poder falar.
Perguntei á chuva se queria chover,
Perguntei á Lua se queria nascer á noite,
Até perguntei ao Mundo se queria viver.
Não obtive resposta...
Apenas ouvia o vento nos cantos das janelas.
Buhhh!...Buhh!...Buhh!
Deixei-o entrar!
Abri a janela e de lá vi,
Uma mulher a chorar.
Como podeira estar uma pessoa a chorar?
Como poderia estar alguém sentado na calçada a olhar para o céu a chorar?
Será que morreu alguém? - pensei

(Nestes versos infindaveis, econtrei o que desejava.
Encontrei a grotesca ideia de despertar em vós
O mais puro sentimento de culpa, de odio e de reflecção...)

“A mulher chorava porque queria voar!”

(Nunca mais vi tal pessoa,
Foi o milagre do século ,
Dizem que evaporou como a água,
Do nada, voou!)

Hoje embalo esta história triste
Embalado pelo vento
Embalado por todas as coisas errôneas neste mundo...

Hoje sou embalado pela mulher
Que se tornou vento
E que hoje deseja, andar....

(Só damos valor ao que realmente gostamos
Só damos valor ao que realmente amamos
No fim de o termos e deperdiçarmos.)