domingo, 25 de setembro de 2011

Silêncio Mudo


Mudo, é o silêncio das palavras
Que se fazem ouvir
Pelos ouvidos surdos
Da tua voz.

O silêncio não é mudo.
O silêncio só é mudo
Quando tento encontrar
As palavras certas
Para dizer o que sinto.

É mudo, fica mudo;
Quando tento arranjar

A coragem necessária
Para responder o que queria.


Mas, o silêncio não é mudo.                                                                                                                      

Mudos são os que tentam falar pelo silêncio.

Mudos são os que calam.

Mudos são os que não conseguem escutar as palavras

Que o silêncio diz.

Por mais palavras que tente arranjar
O meu silêncio será sempre mudo,
Pois não me consigo largar desta cobardia,
Não me consigo largar da ideia que os olhos alheios
Ouvem o que não consigo dizer.

Mas, as únicas coisas que preciso dizer
Nunca serão ditas,
Pois quem quer realmente saber
Ouve o meu silêncio.



                                                                                                                                     Tiago Mindrico   25/09/11


domingo, 20 de março de 2011

Nós e os outros animais




Quando um Homem pensa
Cresce uma ideia.
Quando o Animal vive
Cresce um mundo.

Quando um Homem sente
É movido por sentimentos.
Quando um Animal sente
Faz mover sentimentos.

Um Homem é considerado como tal
Quando, Sente, Vive, Cresce e Sê “racional” e “livre”.
Um Animal é considerado como tal
Quando Sente, Vive, Cresce e é livre pela sua “ignorância”.

Quando um Homem deixa um animal viver,
Deixa a coisa mais bela existir.
Quando um Animal é deixado viver,
Torna a natureza a coisa mais bela.



Tiago Mindrico 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mentes Estranhas

Quem suja as mãos com o seu próprio sangue?
Ninguém é capaz de pensar em metafísica?
Para quê viver se nem questionamos?
Quem é capaz de se sacrificar?

Duvidas! Para que servem?
Dão para mundos infinitos,
Que entram em colisão
Com o nosso próprio “Mundo”.

Debato-me neste infinito fim,
No canto de uma rua sem paredes,
Mergulhado na escuridão com uma luz a iluminar-me
Para sofrer a perda do que a acabei de ganhar.
Pensando bem, ganhei mais que perdi.

(Mesmo assim, ainda estou em duvida.
Estou com a dúvida se duvidar leva-me a algum lado.)

Duvidei, duvido, vou duvidar, duvidarei e nunca deixarei de duvidar,
Na dúvida em que me encontro hoje preso.
Se tudo é tão retórico e simples. Para que duvidar?
Quem seria capaz de sujar as suas mãos com o seu próprio sangue?
Não! Todos eles limpos.
Todos eles a brilhar.
Todos eles com fama de serem o que nunca foram, mas o que sempre desejaram.
Tomam banho todos os dias.
Encobrem a sujidade que sempre esteve lá, mas por alguma razão passou despercebida.
Como pode isto ser tão certo que não deixa espaço de dúvida?
E eu como poderei eu viver e ser eu próprio sem me sujar?

(Até onde parecia não haver duvidas o simples ego humano faz o obsequio de a criar. )

Duvida!


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O vento contou-me!

Não sou, nunca fui, nunca serei
O que desejei ser.

(Eu sou como as folhas que se partem em mil pedaços,
No chão da calçada, onde são pisadas vezes sem conta.
Eu sou o mais simples floco de neve,
Que se agarra ao chão, derrete e torna-se novamente água.)

Escrevo esta carta em memória dos dias, dos anos, dos meses,
Que passei a ler contos inesqueciveis, sobre principes e fadas.
Quando passava horas a escutar a Simphonia da amizade no seu resplanescer,
E a sua melodia de sétimas e com consoantes em vez de vogais.
Ouvi dizer que o escritor é algo que nunca foi, algo que nunca imaginou ser,
Que um escritor escreve tudo o que imagina e torna real o seus desejos.
Eu que já sonhei ser eu, não consigo tornar real o simples desejo de ser eu.
Posso não ser escritor.
Posso não ser poeta.
Posso não ter sentimentos.
Mas ser algo que fui e que sonhei ser, é como escrever sem linhas.
Construir o mais belo olhar sobre a mais podre pele.
Esboçar o sorriso numa folha rota.

O vento ontem disse-me que nunca foi o que quis
O seu sonho era poder andar, o seu real sonho era poder falar.
Perguntei á chuva se queria chover,
Perguntei á Lua se queria nascer á noite,
Até perguntei ao Mundo se queria viver.
Não obtive resposta...
Apenas ouvia o vento nos cantos das janelas.
Buhhh!...Buhh!...Buhh!
Deixei-o entrar!
Abri a janela e de lá vi,
Uma mulher a chorar.
Como podeira estar uma pessoa a chorar?
Como poderia estar alguém sentado na calçada a olhar para o céu a chorar?
Será que morreu alguém? - pensei

(Nestes versos infindaveis, econtrei o que desejava.
Encontrei a grotesca ideia de despertar em vós
O mais puro sentimento de culpa, de odio e de reflecção...)

“A mulher chorava porque queria voar!”

(Nunca mais vi tal pessoa,
Foi o milagre do século ,
Dizem que evaporou como a água,
Do nada, voou!)

Hoje embalo esta história triste
Embalado pelo vento
Embalado por todas as coisas errôneas neste mundo...

Hoje sou embalado pela mulher
Que se tornou vento
E que hoje deseja, andar....

(Só damos valor ao que realmente gostamos
Só damos valor ao que realmente amamos
No fim de o termos e deperdiçarmos.)



domingo, 30 de janeiro de 2011

Dilema

Ontem escrevi, dancei, corri, chorei, fiz tudo
Fiz tudo o que podia para não deixar nada para hoje.
Mas, hoje o que tenho para fazer?
Se tudo o que já foi feito não pode ser feito outra vez.
Como poderei escrever música se a música já foi inventada,
Como poderei eu tocar piano se tudo o que havia para tocar já foi inventado?
Como escreverei mais poemas se a sorte infame protege os audazes
Que já produziram e realizaram mil e um feitos neste mundo?
O que poderei fazer eu hoje?

Ontem não escrevi, não dancei, não corri, não chorei, não nada.
Não fiz rigorosamente nada para deixar tudo para amanhã.
Mas, se não tiver tempo para fazer?
Se tudo o podia fazer hoje não foi feito.
Como poderei escrever sem as palavras?
Como poderei tocar sem música?
Como poderei sentir o mais puro sentimento se nem,
A Humanidade reconhece o bem do mal?

Sempre fui mais um homem,
Sempre sou mais um homem,
Nunca passarei de ser mais um homem,
Que vive preso a um futuro imenso de erros e pecados, de desespero e solidão.
Já fui ridículo, gozado, ultrajado aos olhos de quem
Nunca foi gozado, ultrajado ou ridículo (pelo o menos em publico)
Já posso ter sido isso tudo mas comigo nunca o fui.
Já posso ter feito tudo o que havia para fazer e já posso ter feito nada,
Em vez de fazer o que devia, mas nunca perdi tempo em fazer
O que os outros querem que eu faça.
Como poderei eu ter lugar entre os Senhores?
Tão fortes e honestos como dizem, que nunca fizeram mal uma mosca.
E eu? Um simples homem, o que tem para fazer?
(Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje!)
Será? E se amanhã ficar sem nada para fazer porque tudo o que havia para fazer já foi feito?
Eu penso, volto a pensar e penso novamente.
Nada do que possa vir a fazer pode ser feito quando quero.
Nada do que possa vir a fazer pode ser feito quando menos quero.
Mas, tudo o que eu realmente tenho para fazer vai ser feito quando eu realmente quiser,
Porque a vida, não é o que já foi feito, mas sim o que há para fazer!


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Esquissos de uma vida...

Uma vida paralela a uma estrada longa,
A mente é fraca, e pouco pensa nesta sociedade.
Pintam telas sobre o azul esquecido do mar.
Pintam telas de mentiras onde a única verdade que existe,
É a simples razão, do nada.
Esquissos esquecidos de um mundo perfeito,
Sem paradoxo, ao mais puro ser,
Sem paradoxo, á mais pura realeza do ser;
Porque para ser o que somos nada temos que fazer,
Basta-nos apenas, ser,
E ser o que somos nem sempre é fácil.

Olho pela janela do meu quarto, fria e crua
Como a vida é vista aos olhos de muitos.
Mas aquece com a minha respiração,
E torna a janela quente e molhada.
Torna a janela escorregadia e enublada
Como toda a minha vida.

Por mais que escreva nesta simples e traumática prosa.
Nunca conseguiria fazer rimar o mais pequeno verso.
Não conseguiria por a rimar as palavras que se encontram no fim de cada estrofe,
Pois o conteúdo, é mais que o fim
(E se rimarmos no meio? Quem quer saber do fim?)
(E se vivermos bem? Quem quer saber da nossa morte?)
Seremos lembrados pelo conteúdo e pelo desenvolvimento,
Não pelo fim e pelo alento;
Que fiz ao conseguir por a rimar,
A primeira letra da minha vida,
E a melhor sensação do mundo…Amar!


Tiago Mindrico